sábado, 18 de julho de 2009

"Os irmãos Karamázov"- Fiódor Dostoiévski-V.2

Tal é a proporção dessa obra, que se torna difícil falar dela. Dostoiévski parece contagiar o leitor com o desequilíbrio de suas personagens, dando-nos a confusão de suas falas, o turbilhão de suas idéias e seus delírios. O que dizer dos Karamázov? O que dizer do seu meundo, desse pedacinho aldeiota perdido na imensidão russa? A peroração se tornaria excessiva se tentássemos destrinchar, ainda que superficialmente, o grandes temas do livro. Mas como não se emocionar com a leitura? Como não viver o conflito moral-erudito-acadêmico-religioso de Iván o irmão do meio? Como deixar de sorrir com a ternura cândida de Aliócha? E como abandonar Mítia sem sentir por ele compaixão, sem sofrer seus dramas, sem nutrir-lhe a um só tempo raiva e amor? A todo momento queremos ver nossas personagens, sacudi-las, falar-lhes, espancar-lhes. Os Karamázov são nossos filhos, nossos maridos, nossos irmãos. Através deles vemos um mundo que nos é inteiramente estranho mas impressionantemente nosso. Amei Cátia e Grucha, amei-as por Iván e Dmitri, seus amantes. Amei a Cristo e ao stárietz por Aliócha. Amei a Rússia por todos eles. Sobre o que será que Dostoiévski queria nos falar? Talvez ninguém nunca venha a saber. O caso da vila russa poderia ser relatado num jornal, como noticia. Mas ele nos é apresentado num requinte assutadoramente humano, terrivelmente real. Sobre quem é a obra? Mítia? Iván? Aliócha? Ou sobre todos nós? Não sei responder. E prefiro que assim seja. Por hora, agradeço por permanecer febril desse fascinante mundo.

1 comentários:

Bibi, pode ser? disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
 
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