domingo, 26 de julho de 2009

"O vermelho e o negro" - Stendhal

Vermelho é uma referência à carreira militar. Negro; à eclesiástica. Isso quem me explicou foi papai (grande sábio)...
O livro conta a história de Julien Sorel, pequeno burguês da França nonocentista que, para subir na vida, decide ser padre.
Ocorre que no seu caminho surgem seguidamente duas mulheres: a sra. de Rênal e a srta. Mathilde de La Mole.
O livro é permeado pela mesquinhez de Julien, que objetiva majoritariamente o sucesso pessoal, e pelos delírios românticos das duas moças. Mas há reviravoltas, lances interessantíssimos e muito bonitos.
Não é possível não se emocionar com a história, também marcada por um estilo maravilhoso da escrita.
A contra-capa do romance dizia: "Um dos maiores romances de todos os tempos."
Romântico, de fato. Mas com alguns traços de realismo. De qualquer forma, concodo com a opinião do editor. Grande romance!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

"Notre Dame de Paris"- Victor Hugo

Nunca ouviram falar desse livro? Bem, eu também não sabia que se chamava assim. A tradução para o português do título foi "O Corcunda de Notre Dame". Meu pai me explicou, antes de eu sequer enconstar em uma página da obra, que esse transporte lingüístico foi um erro crasso. Victor Hugo não escreveu sobre o corcunda. Nem sobre a Esmeralda. Ele escreveu sobre a catedral, símbolo romântico do medievalismo da Paris do século XVIII.
Confesso que passei da metade do volume e só. A história é dinâmica e envolvente, se excluirmos as chatésimas descrições imensas da catedral. Ocorre que o exagero romântico escorre de tal forma que se torna, como dizia o caro Eça, "uma maçada" prosseguir a leitura.
São sempre as mesmas coincidências mirabolantes, as aventuras ingênuas, as personagens irreais. Ao mesmo tempo, um quê sombrio e romanticamente triste vaga alguns capítulos, como se fosse um rastro de "Os miseráveis" em páginas alheias.
Honestamente, eu não perderia meu tempo lendo mais de 500 páginas para conhecer esse drama parisiense. Legal, talvez, literariamente muito importante, sem dúvida. Mas acho que esse livro é datado demais. Hoje, seria "uma maçada".

sábado, 18 de julho de 2009

"Os irmãos Karamázov"- Fiódor Dostoiévski-V.2

Tal é a proporção dessa obra, que se torna difícil falar dela. Dostoiévski parece contagiar o leitor com o desequilíbrio de suas personagens, dando-nos a confusão de suas falas, o turbilhão de suas idéias e seus delírios. O que dizer dos Karamázov? O que dizer do seu meundo, desse pedacinho aldeiota perdido na imensidão russa? A peroração se tornaria excessiva se tentássemos destrinchar, ainda que superficialmente, o grandes temas do livro. Mas como não se emocionar com a leitura? Como não viver o conflito moral-erudito-acadêmico-religioso de Iván o irmão do meio? Como deixar de sorrir com a ternura cândida de Aliócha? E como abandonar Mítia sem sentir por ele compaixão, sem sofrer seus dramas, sem nutrir-lhe a um só tempo raiva e amor? A todo momento queremos ver nossas personagens, sacudi-las, falar-lhes, espancar-lhes. Os Karamázov são nossos filhos, nossos maridos, nossos irmãos. Através deles vemos um mundo que nos é inteiramente estranho mas impressionantemente nosso. Amei Cátia e Grucha, amei-as por Iván e Dmitri, seus amantes. Amei a Cristo e ao stárietz por Aliócha. Amei a Rússia por todos eles. Sobre o que será que Dostoiévski queria nos falar? Talvez ninguém nunca venha a saber. O caso da vila russa poderia ser relatado num jornal, como noticia. Mas ele nos é apresentado num requinte assutadoramente humano, terrivelmente real. Sobre quem é a obra? Mítia? Iván? Aliócha? Ou sobre todos nós? Não sei responder. E prefiro que assim seja. Por hora, agradeço por permanecer febril desse fascinante mundo.

 
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